terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Fim do Mau Gosto (by Léo Polanska)

Cá estou, compartilhando uma reflexão de um grande colega, o Léo Polanska (Ex Aluno Marista).
O fim do mau gosto

Existe gosto pra tudo! O que dizer daqueles óculos extravagantes, daquele penteado mal arranjado, daquela saia imoral? O que comentar daquele vestido brega ou daquela música insuportável? Nada! Todo mundo sabe que gosto é como política, religião, não se discute!
Eu concordo. Discutir o mau gosto alheio é realmente uma perda de tempo, nada interessante. Mas, já que falamos em música, me atrevo a prolongar um pouco mais esse assunto.
Não sou músico profissional nem tampouco um crítico de música, mas posso dizer que já senti os efeitos de sua magia. A música marca épocas, te faz lembrar de momentos longes em detalhes que te surpreendem. A música faz rir, faz chorar, faz dormir. Ela é capaz de te jogar pro alto, mesmo você estando sentado ao volante no mais chato engarrafamento. Ela arrasta multidões, te mostra o dia, te deprime também. A música tem cor, tem cheiro, até sabor. Ouvimos músicas pra dançar, pra cantar, pra tocar, música pra lembrar, pra pensar e ir bem longe. Música pra dormir, pra ninar, pra ensinar, pra vender, ficar rico, até pra curar. Existe música pra tudo mesmo, até pra tapar os ouvidos. Opa! Mas aí é uma questão de gosto, não? É, mas até que dá uma boa discussão, mesmo que gosto não se discuta.

Vou começar dizendo que o mau gosto pode ser curado. Isso mesmo, curado, pode ser tratado, como uma doença! Claro que alguns casos seriam bem complicados, como tentar tratar Elke Maravilha e suas máscaras de beleza, tentar curar o mau gosto de sofrer dos sadomasoquistas, as hippies e suas axilas naturais. Paz e amor pra elas! Mas, o mau gosto musical, que hoje insiste em contaminar um número cada vez maior de jovens, tenho certeza que podemos curar!

Vou tentar explicar melhor: Eu tive esta idéia outro dia, numa conversa de maluco com dois amigos e, talvez, anestesiado pelas músicas que ouvíamos naquela noite. O som no ambiente vinha daquelas fitas cassetes, aquelas bem velhinhas, com lado A e lado B, de umas duas décadas atrás. Daquelas que “não se usam mais hoje em dia”. Apesar do som baixo e abafado por se tratar de gravações antigas, as músicas daquela noite pareciam filtrar essas limitações, pois algum tempo depois já nem percebíamos a idade daquele som. Estávamos no meio daquelas batidas cruas e secas das pequenas baterias, do som puro, suave e necessário dos contra-baixos da época, dos sons dos violões e violões que diziam mesmo o que queríamos ouvir. As percussões insistentes e a voz, hora gemendo, hora sussurrando, mas sempre transmitindo as coisas simples que gostaríamos de dizer, a voz que nos diziam coisas grandes sem mesmo soletrar uma sílaba, aquela que nos deixa a vontade para buscarmos algo grande dentro de nós. Nós ouvíamos Secos e Molhados, Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Elis Regina, Jorge Ben. Eu lembrava do Rock-beleza de Raulzito, Tim Maia, Cazuza nosso poeta, Luis Gonzaga. Lembrava de Lenine, Zeca Baleiro e tantos outros. As músicas eram tão fortes, que me fizeram perceber o quanto o gosto musical pode mascarar a mediocridade de uma canção. Eu tive a impressão de que se esses jovens de “tímpanos sofridos” pudessem sentir o que é ouvir uma boa música, se eles soubessem o que nos provocam essas canções, certamente enxergariam a ponte imensa que as separa das más músicas. Imaginei então se esses “viciados” em barulheira, zoada pura, ou nessas batidas e pancadas repetitivas, já pararam para ouvi-las (e realmente é preciso parar). Claro que não! O mau gosto engana. E é daí que parte a minha idéia da cura através da música. É necessário fazê-los ouvi-las, precisam reconhecer o próprio mau gosto e arrancar essa máscara que os priva de tanta magia. A música é mágica, ela tem força e poder. Pelo menos é o que diz, hoje mais reconhecida, a musicoterapia. Respaldada por ciências como neurologia, psicologia, fisiologia e a própria música, ela é, como o nome já diz, a aplicação da música (som, ritmo, melodia e harmonia) com finalidades terapêuticas. “Os impulsos provocados pela música no cérebro repercutem em todo o corpo”; “escutar a música certa no momento certo já provoca efeitos significativos na mente e no corpo do ouvinte”, dizem os musicoterapeutas. Muitos estudos científicos ainda estão sendo realizados neste campo, mas já se comprova a sua aplicação no tratamento da dor, estresse, depressão e outros males.

Ora, como se já não bastasse toda a gama de sentimentos que eu utilizei com muito esforço pra descrever o poderio da boa música, a musicoterapia me dá forças para que eu repita ainda com mais firmeza: o mau gosto musical tem cura! Já imaginou a senhora, que já não agüenta a barulheira que seu filho escuta? O que fazer? Musicoterapia! Muito simples! Horas e horas de boas doses musicais que podem variar conforme o nível da “intoxicação musical”. Nos casos mais graves e para aqueles mais rebeldes, uma clínica de reabilitação e tratamentos mais duros: trancar o carinha num quarto, sozinho, ouvindo 24 horas por dia o que há de mais forte! Em alguns dias seu filho de volta, curado. Uma maravilha!
Já dá até pra imaginar as clínicas especializadas: MAU GOSTO MUSICAL, VOCÊ TEM! NÓS CURAMOS!

Deixando o humor um pouco de lado, gostaria de lembrar que não existe ritmo ou estilo pré-determinado para ser padrão de boa música, ela pode ser lenta, rápida, simples ou não. Pode ser instrumental, cantada, ser alta, baixa. É fácil identificá-la, basta querer escutá-la! A boa música chacoalha o cérebro, eleva a alma! Mesmo de quem tem um tremendo mau gosto musical. Pode acreditar!

Leo Polanska

Parabéns Grande Léo!
E aí vai um pouco de emoção na grande interpretação de Gal Costa
http://www.youtube.com/watch?v=lauY1x8do_4

4 comentários:

  1. Ideia genial, parabens pro Leo, e pra Romulo tambem. Pelo visto, o gosto musical de voces e bom, entao eu vou sugerir que entrem no supost.blogspot.com, que e um blog criado por Pedro Queiroz e Matteo Ciacchi, cujo objetivo e postar e catalogar discos de musica etc. Agora mesmo tem um de Jorge Ben la (o blog ta no comeco ainda). Aqui vao os e-mails dos dois:

    pedroqueiroz_1@hotmail.com
    byrthig@hotmail.com

    ResponderExcluir
  2. Ah, e outra coisa, Pedro Queiroz ta com um blog so dele tambem (egobobo.blogspot.com) onde ta postando umas coisas boas de musica la. Eu recomendo.

    Franco Stefano.

    ResponderExcluir
  3. se bem que tem uns casos de mau-gosto que não se curam nem com água sanitária...


    mas na verdade na verdade eu até admiro alguns maus-gostos (mas admito que são maus), mas é outra discussão
    qualquer dia talvez eu poste algo sobre isso

    ResponderExcluir